9 perguntas e respostas para você entender a doença
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A dengue é uma doença infecciosa viral que faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que representa um grande problema de saúde pública não apenas no Brasil, mas em vários países da América Latina. É transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
1. Qualquer pessoa pode ser contaminada?
Pessoas de qualquer idade podem se contaminar, porém, as mulheres grávidas, pessoas com mais de 65 anos, indivíduos com doenças crônicas (como diabetes e hipertensão) e crianças até dois anos têm risco aumentado de desenvolverem a forma mais grave da doença e até mesmo outras complicações.
Importante ressaltar que o mesmo mosquito da dengue também pode causar outras arboviroses, como Chikungunyia e Zika. Por isso, é tão importante o diagnóstico correto e o auxílio médico.
2 – Como ocorre a transmissão?
O vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, um mosquito urbano e diurno que se reproduz principalmente em depósitos de água limpa e parada. O vírus possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão por via vertical (de mãe para filho durante a gestação) e por transfusão de sangue é extremamente rara.
3 – Quais são os sintomas?
Nem sempre a pessoa contaminada com a dengue desenvolverá sintomas – ela pode ser totalmente assintomática ou apresentar um quadro leve.
Se a pessoa apresentar febre alta repentina (entre 39oC e 40 oC) acompanhada de pelo menos dois desses sintomas deve procurar um serviço de saúde para diagnóstico:
- Dor nas articulações ou nos músculos
Passada a fase crítica da dengue, o paciente entra na fase de recuperação. Mas atenção: se após o declínio da febre (entre o 3º e 7º dias do início da doença), outros sinais continuarem presentes, é preciso buscar novamente o serviço de saúde porque eles podem indicar a evolução para uma forma grave da doença e a piora do quadro:
- Dor abdominal intensa e contínua
- Náusea e vômitos persistentes
- Manchas vermelhas pelo corpo (hemorragias)
- Acúmulo de líquido nas cavidades corporais
- Sangramento de mucosas
- Letargia e irritabilidade
4 – Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da dengue é basicamente clínico, com base nas manifestações clínicas apresentadas pelo paciente.
Quando o paciente procura um pronto-socorro, ele faz um teste rápido que identifica apenas se é positivo ou negativo para a dengue. No entanto, o diagnóstico correto com identificação específica do tipo do vírus é feita somente em laboratórios públicos especializados – são eles que conseguem identificar os principais sorotipos do vírus que estão circulando (como o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo).
Ao passar por atendimento, é importante informar ao médico se o paciente foi vacinado ou não contra a dengue.
5 – Qual o tratamento?
Não existe um medicamento específico para o vírus da dengue – o tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos e no controle de sintomas. Por isso é recomendado:
- Repouso enquanto durar a febre
- Ingestão de líquidos
- Uso de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre
- Interrupção do uso de AAS (ácido acetil salicílico) e de antiinflamatórios não hormonais (como diclofenaco, ibuprofeno, etc) a fim de minimizar o risco de sangramentos
- Retorno ao serviço de saúde em caso de pioras dos sintomas ou quando o médico orientar que o paciente deve retornar para reavaliação
Em geral, como a maioria dos casos serão leves, a recuperação completa acontece em torno de 10 dias.
6 – Existe vacina?
Sim. A vacina Qdenga, que protege contra os quatro sorotipos da dengue, foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início de 2023. Em dezembro, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) e o imunizante passará a integrar o Calendário Nacional de Vacinação em 2024 – esse imunizante requer a aplicação de duas doses.
Com isso, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no distema público de saúde. Esta vacina também está disponível nos Centros de Imunização da rede privada.
O Instituto Butantan também está desenvolvendo uma vacina contra a dengue que até o momento apresenta resultados promissores – os resultados do estudo clínico com 16.235 voluntários apontaram uma eficácia de 79,6% com uma única dose do imunizante, o que é uma vantagem. A expectativa é apresentar os dados para pedido de registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo semestre de 2024.
7 – Existe outra maneira de prevenir?
Sim. Uma das formas de evitar a transmissão é o controle do mosquito vetor da doença —evitando deixar água parada em recipientes, pneus, vasos, calhas. Essa prevenção acontece por meio de ações dos órgãos públicos por meio de campanhas de orientação e visitas dos agentes de saúde às casas em busca de criadouros e por meio das ações pessoais.
É importante entender que adotar medidas de controle ao vetor é essencial para reduzir a transmissão do vírus. Quando a epidemia se instala, ela segue seu curso e as ações de controle vetorial mostram pouca ou nenhuma efetividade.
A vacinação é mais uma importante ferramenta na busca pelo controle da doença, que continua causando epidemia no Brasil.
8 – Posso ter dengue várias vezes?
Sim. Como existem 4 sorotipos diferentes da doença, uma pessoa pode se contaminar até quatro vezes ao longo da vida – cada vez por um dos sorotipos. A recuperação da infeção por um sorotipo proporciona imunidade vitalícia apenas contra ele.
Ao ser contaminada novamente por qualquer um dos outros sorotipos da dengue, o risco de desenvolver a dengue hemorrágica, que é a forma mais grave da doença, aumenta.
9 – A doença acontece o ano inteiro?
A dengue é uma doença sazonal – costuma acontecer nos períodos mais quentes e chuvosos (especialmente entre os meses de outubro e maio). No entanto, aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor e da doença o ano inteiro.
Revisão Técnica: Emy Akiyama Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, e Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).
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