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Gravidez tubária ectópica

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A gravidez tubária ectópica ocorre quando o óvulo fertilizado deixa de migrar para o útero e se implanta nas tubas uterinas.

 

Ao nascer, as meninas trazem consigo, nos ovários, um número fixo de folículos que contêm em seu interior um óvulo imaturo, denominado ovócito. Eles se formaram durante o período em que elas permaneceram dentro do útero materno. Daí em diante, as mulheres não produzirão nenhum novo folículo.

É dentro desses folículos – pequenas bolsas cheias de líquido – que os óvulos, ainda imaturos, se desenvolvem. Embora vários sejam estimulados pela ação dos hormônios femininos, apenas um deles estará maduro o suficiente para aproximar-se da superfície do ovário, romper a capa protetora e liberar o óvulo que, atraído para dentro de uma das tubas uterinas (dois canais que partem dos ovários e desembocam no útero), onde poderá ser fecundado por um espermatozoide. Juntos, formarão o ovo ou zigoto, primeira célula de um novo embrião, que continuará a viagem rumo ao útero.

Veja também: Exames recomendados durante a gravidez

Qualquer imprevisto ou atraso na migração do óvulo fertilizado a caminho do útero, como seria ideal, pode determinar sua implantação em outro órgão, por exemplo, nos ovários, na cavidade abdominal ou no colo uterino. O mais comum, porém, nesses casos de nidação do zigoto fora do local adequado, é ela ocorrer nas tubas uterinas (ou trompas de Falópio), estruturas anatômicas constituídas por tecidos pouco elásticos e flexíveis e que, portanto, não suportam acolher um embrião em crescimento por muito tempo.

Conhecida também por gravidez nas trompas, a gravidez tubária é responsável pela maior parte das gestações que ocorre fora da cavidade uterina e constitui uma complicação grave que pode pôr em risco a vida da mãe.

 

Causas da gravidez tubária ectópica

 

Entre as causas possíveis da gravidez tubária, é importante destacar a ocorrência de inflamação e deformidades nas estruturas anatômicas e funcionais das tubas uterinas. Embora sejam revestidas internamente por cílios microscópicos que ajudam a promover o deslocamento do ovo fertilizado até o útero, qualquer má-formação nas tubas pode obstruir a passagem do embrião, que pode continuar crescendo.

 

Fatores de risco da gravidez tubária ectópica

 

Qualquer mulher sexualmente ativa, no período fértil, pode desenvolver uma gravidez em que o óvulo fertilizado se instala fora da cavidade uterina. Algumas condições, no entanto, podem funcionar como fatores de risco para que isso aconteça. Entre eles, vale destacar:

  1. processos inflamatórios nas tubas em consequência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), como a gonorreia e a clamídia, transmitidas pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, respectivamente;
  2. doenças inflamatórias pélvicas (DIP) que acometem os órgãos reprodutores femininos superiores (colo do útero, útero, tubas uterinas e ovários);
  3. endometriose;
  4. tratamentos contra a infertilidade;
  5. cicatrizes cirúrgicas nas tubas uterinas, inclusive as deixadas por laqueadura, cirurgia popularmente conhecida como amarração das trompas;
  6. quadro anterior de gravidez tubária;
  7. tabagismo;
  8. hidrossalpíngeo – dilatação das tubas uterinas provocada pelo acúmulo de secreção produzida pela própria tuba e que interrompe a passagem do embrião.

Veja também: Dr. Drauzio explica como as IST são transmitidas

 

Sintomas

 

Os sintomas da gravidez tubária variam bastante. No início, a condição pode ser assintomática. Ou, então, podem surgir alguns sinais semelhantes aos da gravidez normal, intrauterina, sem complicações. Quase sempre, é só entre a sexta e a oitava semana de gestação, que os sintomas típicos da gravidez tubária se instalam. Nessas circunstâncias, a queixa mais frequente é a dor pélvica leve acompanhada ou não de sangramento vaginal discreto. Com a evolução do quadro, porém, essa dor vai aumentando de intensidade, toma todo o abdômen e pode estender-se até os ombros e o pescoço.

Às vezes, os sintomas provocados pelo rompimento da estrutura que abriga o embrião na tuba uterina, tais como dor aguda e inchaço no abdômen, sangramento vaginal mais intenso, hipotensão arterial e desmaio evidenciam a gravidade do quadro.

 

Diagnóstico da gravidez tubária ectópica

 

O diagnóstico da gravidez tubária leva em conta os achados no exame clínico das regiões pélvica e abdominal. O mais comum é a gestante procurar assistência médica, quando os primeiros sinais da gestação começam a manifestar-se. Com frequência, ao chegar para a consulta, ela já tem em mãos o resultado positivo do teste de farmácia realizado em amostra de urina, e apresenta alguns indícios que podem ser atribuídos à gravidez normal: atraso da menstruação, náuseas, sensibilidade aumentada nas mamas, escurecimento da aréola, alterações de humor.

A essa altura, a indicação do exame de sangue denominado Beta-hCG (hormônio gonadotrofina coriônica humana), produzido durante a gestação e bem mais sensível do que o teste de farmácia, além de comprovar a existência (ou não) da gravidez, permite determinar em que semana está a gestação em curso e medir os níveis desse hormônio na corrente sanguínea.

No entanto, nos casos iniciais de gravidez tubária, nenhum desses testes esclarece, com segurança, o local exato em que o óvulo fertilizado está implantado. É a ultrassonografia transvaginal que mostra onde o saco gestacional realmente está crescendo e se o útero permanece vazio, dois achados fundamentais para o diagnóstico da gravidez ectópica.

A laparoscopia, intervenção pouco invasiva realizada por meio de pequena incisão na região do umbigo, é um recurso que pode, ao mesmo tempo, ser utilizado para diagnóstico e tratamento da gravidez tubária, pois permite visualizar alterações nas tubas e, se necessário, retirá-las cirurgicamente, a fim de preservar a integridade dos tecidos e evitar hemorragias que induzem choque circulatório.

 

Tratamento

 

Em alguns raros casos, a gravidez ectópica pode regredir espontaneamente. Na maioria, porém, confirmado o diagnóstico, o tratamento deve ser introduzido logo para evitar a ocorrência de complicações adversas, muitas vezes sem volta.

Basicamente, o tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. A indicação vai depender das condições de saúde da paciente, do tempo de gestação (menos do que oito semanas), do tamanho do saco gestacional (menos do que 5 cm) e do local onde o óvulo fertilizado está implantado. É pré-requisito também que os níveis de Beta-hCG estejam baixos e o embrião não manifeste nenhuma atividade cardíaca. Atendidas essas exigências, sob rigoroso controle e supervisão médica, é introduzido um medicamento, o metotrexato 50 mg, por via injetável, em dose única, com o propósito de interromper o desenvolvimento embrionário nas tubas uterinas.

Se o saco gestacional não regredir com essa classe de medicamento, a solução é realizar a cirurgia por via laparoscópica ou aberta. Nas duas situações, a proposta inicial é preservar a tuba uterina e remover apenas o ovo fertilizado que está dentro dela.

Nem sempre isso é possível. Entretanto, se a tuba for preservada, algumas mulheres conseguem desenvolver uma gravidez em condições normais depois de ter passado pela experiência de gravidez tubária.

Atualmente, a maior parte das gestações nas tubas é diagnosticada precocemente, com tempo suficiente para introduzir o tratamento e evitar hemorragias.

 

Prevenção da gravidez tubária ectópica

 

Infelizmente, não há como prevenir a ocorrência da gravidez tubária. O que se consegue é evitar a exposição a fatores de risco que, de uma forma ou outra, favorecem a instalação desses episódios. Por exemplo: não é mais novidade que a gravidez tubária pode ser consequência de processos inflamatórios causados por infecções sexualmente transmissíveis. Nesse caso, usar preservativo e limitar o número de parceiros sexuais são maneiras há muito conhecidas e que ajudam a reduzir o risco.

 

Perguntas frequentes sobre gravidez tubária ectópica

 

Quais os principais sintomas da gravidez tubária?

 

Os sintomas variam. Em geral, os sintomas típicos se instalam entre a sexta e a oitava semana de gestação. A queixa mais frequente, nessa fase, é a dor pélvica leve acompanhada ou não de sangramento vaginal. Com a evolução do quadro, a dor vai aumentando de intensidade, toma todo o abdômen e pode estender-se até os ombros e o pescoço.

Quando o quadro se agrava, podem surgir dor aguda e inchaço no abdômen, sangramento vaginal mais intenso, hipotensão arterial e desmaio.

 

O que é gravidez tubária rota?

 

Quando a gravidez tubária evolui, pode haver rotura da tuba (gravidez ectópica rota), causando dor abdominal intensa, e sinais de peritonite (inflamação do peritônio, membrana que recobre os órgãos intra-abdominais). Além disso, podem surgir sangramento vaginal intenso, hipotensão arterial e desmaio e a paciente pode correr risco de vida, necessitando de atendimento médico urgente.

 

*Revisado por Dr. Donizetti Ramos dos Santos, cirurgião oncológico do Hospital Sírio-Libanês.





Fonte

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