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Barotrauma da orelha média | Drauzio Varella

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O barotrauma da orelha média é uma lesão no tímpano causada pela diferença de pressão do ar que ocupa a cavidade oca da orelha média e a pressão atmosférica do ambiente externo.

 

Barotrauma é uma reação provocada por mudanças na pressão atmosférica (barométrica), que podem afetar várias estruturas do corpo.

    Veja também: Podcast Por que dói? sobre dor de ouvido

Esse tipo de lesão pode ocorrer nos pulmões, no trato gastrintestinal, nos dentes, nos olhos e na face. A maioria, porém, acomete a orelha, órgão constituído por três diferentes partes conectadas entre si. Vejamos:

  1. a externa – composta pela orelha (ou pavilhão auricular) que se destaca da cabeça lateralmente, e pelo meato acústico externo (o “buraco da orelha”), que termina no tímpano, membrana delicada que vibra, quando tocada por ondas sonoras;
  2. a média – consiste numa pequena cavidade cheia de ar localizada no interior do osso temporal. Ela começa na membrana do tímpano e se estende até as janelas oval e redonda, que marcam o início da orelha interna. Nesse espaço, estão situados três pequenos ossos de nome curioso – martelo, estribo e bigorna – importantes para a transmissão mecânica das ondas sonoras até a orelha interna.
  3. A orelha média comunica-se com a nasofaringe valendo-se da tuba auditiva (antes conhecida por trompa de Eustáquio). Entre suas funções está a de manter o equilíbrio entre a pressão do ar contido no interior da cavidade da orelha média e aquela que vigora no ambiente externo, a fim de preservar a integridade de membrana timpânica;
  4. a interna – estrutura complexa, situada no interior do osso temporal, relacionada com a audição e o equilíbrio.

O barotrauma da orelha média, também conhecido por barotite média, “ouvido entupido” ou “orelha de avião”, é uma lesão no tímpano provocada pelo descompasso entre a pressão do ar que ocupa a cavidade oca da orelha média e a pressão atmosférica, vigente no ambiente externo. Atingir esse equilíbrio é fundamental para que a membrana timpânica vibre e não haja comprometimento da audição.

 

Causas do barotrauma da orelha média

 

A sensação de orelha entupida pode ter causas naturais, como o acúmulo de cerume e a retenção de água no canal auditivo. Do mesmo modo, certas características anatômicas e funcionais da tuba auditiva, que tem diâmetro menor em bebês e crianças pequenas, e o bruxismo podem também estar envolvidos nesses episódios.

Algumas condições, entretanto, favorecem o aparecimento de barotraumas na orelha média, situada logo atrás do tímpano. Esse é o caso das lesões timpânicas causadas pelo desequilíbrio entre a pressão do ar dentro da orelha média e a pressão atmosférica do ambiente. Nas aeronaves, especialmente nos momentos de pouso e decolagem, as mudanças bruscas de pressão impedem que o ar circule livremente dentro da orelha, provocando sensações desagradáveis de entupimento e perda auditiva.

Embora as viagens aéreas ocupem o topo da lista, existem outras situações que podem estar associadas à formação de barotraumas de orelha média. São exemplos: o bloqueio da tuba auditiva, o mergulho em águas profundas, a escalada de grandes altitudes, o uso terapêutico de câmaras de oxigênio hiperbáricas, a ocorrência de explosões violentas nas proximidades.

Crianças constituem o grupo mais vulnerável à formação de lesões otológicas provocadas por mudanças de pressão no interior do organismo.

 

Sintomas do barotrauma da orelha média

 

Os sintomas mais comuns do barotrauma da orelha média podem ocorrer em uma ou nas duas orelhas e variar de acordo com a região afetada. Entre eles, vale destacar: 1) sensação de plenitude ou de orelha entupida; 2) dor de ouvido e de cabeça; 3) zumbido; 4) dificuldade para respirar; 4) perda auditiva de intensidade variável.

Nos casos mais graves, tontura, sangramentos, hematomas, otite, alergias, ruptura de tímpano e formação de exsudatos (produto seroso resultante de processos inflamatórios) são outros sinais possíveis da condição. Em geral, trata-se de episódios temporários e reversíveis, que desaparecem tão logo a pressão do ar volte ao nível ideal em ambos os lados da membrana timpânica.

 

Diagnóstico do barotrauma da orelha média

 

A otoscopia é um exame importante para o diagnóstico do barotrauma da orelha média. Ele permite avaliar as condições clínicas em que se encontram estruturas como o canal auditivo externo e a membrana timpânica, e se a capacidade auditiva está comprometida ou preservada.

O exame pode ser feito pelo médico otorrino, pediatra ou clínico geral, no próprio consultório, em adultos e crianças. Com base nos sintomas, no histórico do distúrbio e nas características das crises, é possível determinar em que medida o bloqueio da tuba auditiva pode representar risco acentuado de complicações de longo prazo.

    Veja também: 5 mitos e verdades sobre dor de ouvido

 

Prevenção

 

Algumas manobras simples conseguem promover uma pequena abertura na tuba auditiva que possibilita o fluxo de ar e equilibra as pressões dentro e fora da orelha média, reduzindo o risco de desenvolver barotraumas.

Nesse sentido, é fundamental que a pessoa permaneça acordada durante os procedimentos de pouso e decolagem da aeronave. Assim, ao primeiro sinal de orelha entupida, atos triviais como mascar chiclete, engolir saliva, ou bocejar, por exemplo, costumam ser eficazes para destravar a tuba auditiva que não está funcionando a contento. Essas medidas representam recurso importante para equalizar as variações de pressão dentro e fora da orelha média.

Como bebês e crianças de pouca idade compõem o grupo de risco mais vulnerável para a ocorrência de barotraumas da orelha, a recomendação é deixar para oferecer-lhes líquidos (sucos, água, chás) ou amamentá-las, especialmente durante os procedimentos de pouso e decolagem das aeronaves. Sempre que possível, vale a pena reconsiderar a data prevista para uma viagem aérea, quando a pessoa está resfriada, com dor ou sensação de pressão dentro da orelha ou manifestações alérgicas.

 

Tratamento do barotrauma da orelha média

 

A primeira recomendação para os portadores desse distúrbio é fugir da automedicação. Na maioria dos casos, as lesões provocadas pelo barotrauma de orelha cicatrizam espontaneamente em pouco tempo, ou regridem com a aplicação de manobras simples que ajudam a equalizar as diferenças de pressão no interior da orelha.

A manobra de Valsalva é um recurso utilizado para aliviar esse sintoma. A técnica consiste em respirar fundo e prender a saída do ar, fechando a boca e apertando as narinas com os dedos de tal forma que, mesmo forçando, ele não consegue escapar facilmente.

No entanto, quando os sintomas persistem, pode ser necessário recorrer à prescrição de medicamentos, a fim de evitar complicações e controlar a evolução do quadro. Analgésicos, descongestionantes orais e nasais, anti-inflamatórios não esteroidais, anti-histamínicos, corticoides e antibióticos, podem ser úteis, desde que administrados sob rigoroso controle e acompanhamento médico, em virtude dos efeitos colaterais indesejáveis que podem estar associados a tais medicações.

O tratamento cirúrgico fica reservado para os casos em que uma pequena incisão no tímpano chamada mirimgotomia ajuda a equalizar a pressão do ar e drenar os fluidos que, por acaso, tenham acumulado no local. São raros os quadros em que surge uma fístula entre as orelhas média e interna que exige correção cirúrgica de urgência.

 

Perguntas frequentes sobre barotrauma da orelha média

 

O que é barotrauma?

Barotrauma é uma reação provocada por mudanças na pressão atmosférica (barométrica), que podem afetar várias estruturas do corpo, como dentes, olhos, face e pulmões. Porém a maioria afeta a orelha (ouvido).

 

O que é barotrauma de ouvido?

O barotrauma da orelha média, também conhecido por barotruma de ouvido, barotite média, “ouvido entupido” ou “orelha de avião”, é uma lesão no tímpano provocada pelo descompasso entre a pressão do ar que ocupa a cavidade oca da orelha média e a pressão atmosférica, vigente no ambiente externo.

 

Fontes

 

CIVES– Centro de Informação em Saúde para Viajantes

Indiana University School of Medicine

Mayo Clinic: diseases and conditions

Compêndio de Anatomia Humana

Medicina: Mitos e Verdades





Fonte

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