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Entenda como funciona o congelamento de óvulos| Vida Saudável

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Os óvulos são os gametas femininos. Eles ficam armazenados nos ovários e, quando são fecundados por um espermatozoide (gameta masculino), geram um embrião. Como é cada vez mais comum que as mulheres adiem a maternidade, o congelamento de óvulos tornou-se uma alternativa para preservar a fertilidade.

O número de mulheres que decidem congelar seus óvulos não para de crescer no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monitora o avanço do uso da técnica por meio do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), que é atualizado anualmente. 

É importante ressaltar, no entanto, que o procedimento não é um “seguro”, tampouco garantia de gravidez futura – e sim de possibilidades. Veja as principais dúvidas sobre o tema:  

1. O que é o congelamento de óvulos e para quem é indicado?

A criopreservação é a tecnologia em que os óvulos são congelados a uma temperatura extremamente baixa, de – 196°C. Ela é indicada para mulheres que terão comprometimento dos ovários por uma doença (como endometriose), para aquelas que estão em tratamentos oncológicos (quimioterapia e/ou radioterapia) ou quem deseja postergar uma gestação. 

2. Há algum risco no processo de estimular a produção de óvulos?

Sim. Ao estimular os ovários a produzirem vários óvulos, eles vão aumentar de volume, podendo causar algum desconforto. Além disso, há risco de sangramento durante a punção folicular e de ocorrer uma torção do ovário em função do aumento de volume. 

Mas todas essas reações são raras. Ter sangramento numa intensidade importante e que necessite de algum tipo de tratamento acontece em menos de um a cada 1.500 procedimentos. A infecção pós-punção é mais incomum ainda e, quando acontece, é tratada com antibióticos. Já a torção ovariana ocorre porque o ovário aumentado de tamanho pode torcer sobre seu eixo vascular e causar dor. 

3. Existem efeitos colaterais associados à técnica?

Durante a estimulação dos ovários, a mulher pode ter dor de cabeça, inchaço do abdômen e dos membros e sensação de peso no baixo ventre. Após a punção, o inchaço tende a desaparecer entre cinco e 14 dias, especialmente após o próximo ciclo menstrual.

4. Quantos óvulos costumam ser coletados no procedimento?

A quantidade de óvulos coletada durante um ciclo de estimulação ovariana depende da resposta individual de cada mulher ao tratamento hormonal, variando conforme a idade, a reserva ovariana e a saúde geral da paciente. Em mulheres de 30 a 35 anos com reserva ovariana adequada, espera-se coletar aproximadamente 15 óvulos. Aquelas com mais de 35 anos e reserva ovariana reduzida produzem menos óvulos, às vezes menos de 10 por ciclo. Mas isso varia de pessoa para pessoa.

Os médicos devem avaliar a reserva ovariana antes do procedimento e, assim, dar uma estimativa de quantos óvulos devem ser obtidos para o congelamento. Essa avaliação pode ser feita por um exame de sangue chamado hormônio antimülleriano (AMH, na sigla em inglês) ou por meio de um ultrassom que avalie a contagem de folículos antrais.

5. Existe limite de idade para congelar os óvulos?

Não existe um limite de idade para que as mulheres congelarem seus óvulos, mas o recomendado para um bom prognóstico é fazer o procedimento antes dos 35 anos. Com o avanço da idade, além da diminuição natural da quantidade de óvulos, há uma alteração da qualidade deles. 

6. Existe um limite de óvulos que podem ser congelados?

Não há um limite rígido para o número de óvulos que podem ser congelados.

7. Quais os critérios para avaliar se uma mulher pode fazer o congelamento de óvulos?

Além da idade, o médico poderá solicitar exame do hormônio antimülleriano e dosagens hormonais FSH, LH, estradiol, prolactina, T4 e TSH para serem coletadas no período menstrual. Também é importante realizar ultrassom transvaginal para contagem de folículos. Esses procedimentos vão indicar a quantidade esperada de óvulos disponíveis para o congelamento.

8. Como é o procedimento em si? 

A aspiração dos óvulos é realizada com sedação e um anestésico chamado propofol. O procedimento dura em torno de 10 a 15 minutos e é feito por meio de um ultrassom transvaginal, ao qual se acopla uma agulha que chega até os ovários. Em seguida, punciona-se o ovário contendo os folículos que abrigam os óvulos. 

A coleta deve ser realizada em sala cirúrgica adequada, anexa ao laboratório de reprodução assistida, onde serão analisados os óvulos por meio de uma lupa. Após essa avaliação, os gametas serão congelados pelo método de vitrificação e guardados em containers de nitrogênio líquido. 

9. Quanto custa, em média, para congelar os óvulos?

O processo de acompanhar o estímulo ovariano e coletar os óvulos tem um custo aproximado entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. A medicação para estimulação varia conforme a reserva ovariana de cada mulher: de R$ 5 mil a R$ 10 mil. A manutenção dos óvulos congelados em clínicas especializadas custa em torno de R$ 1 mil a R$ 1.500 por ano.

10. Os óvulos podem ficar congelados por tempo indeterminado? Eles perdem a qualidade após serem descongelados?

Os óvulos podem ficar congelados por muitos anos. Após serem descongelados, a “taxa de sobrevivência” deles é de 90%, em média.

11. Como é feita a seleção do óvulo para uma tentativa de engravidar?

A qualidade morfológica do óvulo é aferida no dia da coleta, durante análise em laboratório. Apenas os maduros ou os que estão no estágio final de maturação é que são congelados, pois esses é que serão passíveis de ser fertilizados. Ao congelar os óvulos, não é possível saber se a carga cromossômica ou genética do óvulo está correta. Atualmente, só dá para avaliar os cromossomos ou genes específicos de embriões, formados após fertilização in vitro.

12. Existe diferença entre uma gestação com óvulos “frescos” e uma com óvulos congelados?

Não há diferença nem alteração na qualidade dos óvulos.

13. Congelar óvulos é garantia de que a mulher vai conseguir engravidar?

Não. Congela-se um prognóstico reprodutivo, não a certeza de uma gestação. Quanto mais óvulos, melhores as chances de sucesso. 

14. Qual a taxa de sucesso para quem tenta engravidar com óvulos congelados?

Depende de fatores como a idade em que o congelamento foi realizado e a quantidade dos óvulos congelados. Outro ponto é se a mulher desejar usar seus óvulos com um parceiro cuja qualidade dos espermatozoides seja ruim.  

Considerando um exemplo em que a qualidade seminal esteja adequada e a mulher congelou 10 óvulos, ela teria 60% de chance de sucesso se o congelamento ocorreu antes dos 30 anos; 50% se o congelamento se deu aos 35 anos; 37% aos 38 anos; e de aproximadamente 20% se o congelamento foi realizado aos 40 anos.  

15. Engravidar mais velha com óvulos congelados reduz os riscos envolvidos em uma gestação após os 40 anos?

Engravidar mais velha com óvulos congelados enquanto a mulher era jovem reduz os riscos de o embrião gerado ter alguma alteração cromossômica (como síndrome de Down), pois o óvulo foi congelado antes dos 40 anos. Mas é importante ressaltar que a gestação após essa idade pode ser mais suscetível a toxemia gravídica, trabalho de parto prematuro e diabetes gestacional, independentemente da idade em que os óvulos foram congelados.

16. Congelar os óvulos muito jovem aumenta o risco de menopausa precoce?

Não, pois o procedimento não “rouba” óvulos. Toda mulher nasce com cerca de 2 milhões de óvulos e perde cerca de 1,6 milhão na infância. Na primeira menstruação, ainda há cerca de 400 mil óvulos. Desse total, todos os meses cerca de mil óvulos “competem entre si” e somente um ovula – os outros 999 vão morrer. Mulheres que tomam pílula não ovulam, mas não são poupadas da perda de reserva ovariana – os cerca de mil óvulos vão morrer de qualquer maneira. 

Se, ao estimular a ovulação, a mulher tiver a capacidade de produzir 15 óvulos, esses 15 vão ovular e, em vez de perder 999 naquele mês, ela vai perder 985. Ou seja, isso não adianta a menopausa.

17. Existe alguma contraindicação para o procedimento?

Uma mulher grávida não pode congelar óvulos. Fora isso, não existem contraindicações clínicas absolutas. Mas ter a reserva ovariana muito diminuída, dificuldade de acesso ao ovário por cirurgias anteriores, estado de saúde debilitado e grandes cistos são questões que precisam ser avaliadas antes de se iniciar qualquer estimulação ovariana.



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